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Revista Paulista de Pediatria: passado, presente e futuro


Em meados de outubro de 1970, em cerimônia realizada na Associação Paulista de Medicina, foi oficialmente fundada a Sociedade de Pediatria de São Paulo. Esse não foi seu nome de batismo, pois foi originalmente chamada de Sociedade Paulista de Pediatria, mas teve que ser rebatizada como Sociedade de Pediatria de São Paulo, pois o primeiro nome já havia sido registrado por uma associação assistencial na própria cidade de São Paulo.


Desde a sua fundação, para informações médico-pediátricas eficientes, a Sociedade de Pediatria de São Paulo investe maciçamente na divulgação impressa e online de documentos atualizados. A mais tradicional entre as suas publicações é a Revista Paulista de Pediatria, que em 2021 completa 38 anos. Quando foi criada, em 1983, ninguém supunha ou poderia imaginar que ela se tornaria o segundo periódico científico de maior impacto na América Latina na área (Pediatrics, Perinatology and Child Health), segundo o SJR (Scimago Journal & Country Rank).


Entretanto, ela não teve uma boa nota no Boletim de Apgar ao nascer, pois – apesar de desde a sua fundação destinar-se à publicação de artigos originais, de revisão e relatos de casos clínicos de investigação metodológica com abordagem na área da saúde e pesquisa de doenças dos recém-nascidos, lactentes, crianças e adolescentes – por muito tempo suas edições tiveram periodicidade irregular e uma quantidade mínima de artigos originais. Os editores que nos antecederam tinham verdadeiros pesadelos ante a impossibilidade de fechar um número da Revista por falta de artigos e saíam solicitando aos colegas a gentileza de encaminharem suas pesquisas, mas como a Revista não tinha visibilidade, as melhores pesquisas não chegavam até ela, mas com confiança, paciência e resiliência eles não abandonaram seus afazeres e a Revista sobreviveu.


Assim, em 2004 a Sociedade de Pediatria de São Paulo delimitou uma missão mais ambiciosa para a Revista – transformá-la em uma publicação de maior interesse para os leitores e pesquisadores que querem publicar suas pesquisas. Para essa inserção no mercado científico editorial, um ambiente altamente competitivo, foi necessário realizar uma série de mudanças para maximizar a popularidade e melhorar a qualidade. A primeira medida foi sua inclusão em uma biblioteca virtual com visibilidade no Brasil e na América Latina, o SciELO (Scientific Electronic Library Online). Isso exigiu algumas reformulações, como reunir pelo menos seis artigos originais por número. Pode parecer simples, mas se a Revista não tem visibilidade nem impacto, os autores não enviam suas pesquisas. O esforço para conseguir a indexação valeu a pena. Entre 2007 e 2011, foram feitos mais de 800 mil downloads de arquivos da Revista Paulista de Pediatria na página do SciELO.


Vale ressaltar que as diretorias da Sociedade de Pediatria de São Paulo deram total apoio e confiança à Diretoria de Publicações, inclusive permitindo que os editores (Editor Chefe, Editor Associado e Editores Executivos) se mantivessem em seus cargos, com o objetivo de alcançar seus trunfos, ou seja, indexações subsequentes.


A equipe editorial trabalhou arduamente para melhorar a indexação da Revista e conseguiu inserí-la em mais duas bases de dados – Scopus e Excerpta Medica Database (Embase). O próximo passo foi conseguir a inserção no Medline/Pubmed, sistema de pesquisa da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, que reúne mais de 18 milhões de referências de inúmeros periódicos científicos. Nesse momento o desafio era internacionalizar a Revista Paulista de Pediatria e buscar ser um periódico competidor com publicações de qualidade.


É claro que, para alcançar tantas conquistas, foi fundamental contar com uma boa infraestrutura de trabalho, fato que a Sociedade de Pediatria de São Paulo entendeu e disponibilizou dois funcionários para atender a demanda da Revista, ressaltando que eles são fundamentais para orquestração de toda a máquina que envolve um periódico científico.


Atualmente, a Revista Paulista de Pediatria possui as seguintes indexações: Pubmed Central (US National Library of Medicine Medline Medical), Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Scopus (Elsevier trademark), Embase Excerpta Medica Database, LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online), IMLA (Index Medicus Latino-americano), DOAJ (Directory of Open Access Journals), Sumarios (Sumários de Revistas Brasileiras) e Redalyc (Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal).


É papel de boas universidades exigirem realização de pesquisas, e consequentemente publicações, pois essas publicações em periódicos de alto impacto são necessárias para os professores (pesquisadores) para ascensão na carreira e para as universidades atraírem atenção da comunidade científica, de alunos para pós-graduação e captação de recursos para suas pesquisas. Assim sendo, a publicação em periódicos qualificados é requisito básico, no entanto, essas revistas com melhor pontuação têm espaço finito para as centenas de submissões que chegam anualmente, obrigando o corpo editorial a ser mais rigoroso, aumentando o número de recusas para infelicidade dos autores. As taxas de rejeição dos periódicos são tão maiores quanto melhor for seu ranking. Sabe-se que em algumas revistas de maior reputação (nem sempre de qualidade) as taxas de recusas imediatas podem ultrapassar 70% e após a avaliação por pares podem chegar a 95%, assim a aceitação de um artigo é motivo para muita celebração.


A Revista Paulista de Pediatria já há alguns anos apresenta esse fenômeno descrito no parágrafo anterior, pois atingimos impressionantes números de submissões de artigos (originais, revisões e relatos de caso) por ano. Em 2020 recebemos 516 artigos, com taxa de recusa de 82% entre recusas imediatas (desk rejects), pelos revisores e pelos editores. Todo o esforço valeu a pena, pois as estatísticas são impressionantes, com mais de um milhão de visitantes ao site da Revista, mais de 11 milhões de acesso via plataforma SciELO (entre agosto de 2014 e agosto de 2021) e desde 2007 foram publicados quase 2000 artigos. Além disso, estamos em constante ascensão no CiteScore, medida que reflete o número médio anual de citações de artigos publicados nos três últimos anos, com base no banco de dados Scopus.


Resumindo, a Revista Paulista de Pediatria é uma publicação trimestral da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Desde 1982, ano de sua criação, destina-se à publicação conteúdo científico na área da Pediatria. Seus artigos estão disponíveis, no seu formato eletrônico, na íntegra em português e inglês, por meio de acesso livre e gratuito nas várias bases de dados. Todo artigo revisado por pares e aprovado pelo corpo editorial é publicado em acesso aberto disponível gratuitamente via Internet de maneira perpétua.


Parafraseando um herói infantil, que cabe perfeitamente em um periódico de Pediatria, o futuro da Revista de Paulista de Pediatria é aumentar a internacionalização, publicar sempre pesquisas de ótima qualidade metodológica, mas que tenham também cunho prático e que despertem o interesse pela leitura da comunidade científica, ou seja, buscar ”AO INFINITO… E ALÉM!”.


Mário Cícero Falcão,1 Ruth Guinsburg2

1.Editor-Executivo da Revista Paulista de Pediatria

2.Editora-Chefe da Revista Paulista de Pediatria


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