Violência contra profissionais de saúde no Brasil: uma crise silenciosa
- Giselle
- 11 de ago.
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A violência contra profissionais de saúde no Brasil é uma realidade crescente e alarmante. Dados levantados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) revelam que, em 2024, foram registrados 4.562 boletins de ocorrência envolvendo médicos como vítimas em ambientes de trabalho — o que representa, em média, 12 médicos vítimas por dia.
“Em média, 12 médicos foram vítimas de violência, em ambientes de trabalho, por dia em 2024.”
Desde 2013, já foram contabilizados quase 40 mil registros de violência. Em 2023, a marca foi recorde: cerca de 3.981 casos, com uma média diária de 11 incidentes. Entre os agressores, destacam-se pacientes, familiares e, em menor proporção, outros colegas de trabalho. Aproximadamente 6% desses crimes ocorreram na internet.
“Mais de 60% dos profissionais de enfermagem sofreram abuso verbal, físico ou assédio no último ano.”
No caso dos profissionais de enfermagem, a situação também é preocupante: um estudo apontou que 61,6% relataram ter sofrido abuso verbal, assédio sexual ou violência física no trabalho nos últimos 12 meses. Já uma conselheira do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) divulgou que 70% dos trabalhadores da saúde já passaram por algum tipo de violência no local de trabalho, incluindo psicologia, verbal e física.
No setor de urgência e emergência — ambientes ainda mais críticos — a violência persistiu mesmo durante a pandemia. A incidência se manteve estável, em torno de 60%, sendo a violência verbal a mais comum, seguida por consequências emocionais como estresse e ansiedade.
No Brasil, essa realidade não é isolada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 8% e 38% dos profissionais de saúde sofrem violência física ao longo da carreira — e ainda muitos mais enfrentam agressões verbais ou ameaças.
“A violência no trabalho persiste mesmo em contextos de pandemia, especialmente em urgências e emergências.”
Propostas essenciais de enfrentamento:
Implementação de protocolos claros de segurança e apoio, tanto para hospitais quanto para unidades comunitárias.
Treinamento e capacitação em gestão de conflitos, de violência e comunicação para equipes de saúde.
Sistema de denúncia acessível e efetivo, com respaldo legal e institucional.
Legislação específica, com penalidades mais rígidas para agressores em ambiente de trabalho na saúde, como prevê o PL nº 6.749/16, defendido pelo CFM .
Apoio psicológico contínuo para profissionais vítimas ou testemunhas de violência.
Conclusão:
A violência contra médicos, enfermeiros e demais trabalhadores da saúde é um problema grave — e crescente. Compromete a segurança dos profissionais, impacta a qualidade do atendimento e prejudica todo o sistema de saúde. Combatê-la exige gestão, legislação, cultura institucional e cuidado coletivo. O silêncio não pode ser permitido.
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