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Cremesp se posiciona sobre a CPI da Covid-19


O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) vem a público manifestar a sua indignação em relação ao tratamento dado por alguns membros da CPI da covid-19 aos médicos ouvidos até o momento na Comissão Parlamentar de Inquérito. Tal abordagem é, no mínimo, desrespeitosa, estranha e controversa.


Para elaborar esta manifestação, o Cremesp analisou alguns depoimentos e declarações, assim como reportagens divulgadas pela imprensa, que retrataram o constrangimento vivido por esses profissionais. Alguns dos trechos destacamos abaixo:


- Sensação é que você já vai para lá julgada e condenada, diz Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde.


- Os jornais já reportavam que eu estava sendo levada para a CPI por uma prática de improbidade, então já havia uma condenação prévia. E a outra coisa lamentável é que se criou um apelido pejorativo, completou a médica.


Já a médica infectologista Luana Araújo criticou a baixa presença de mulheres na CPI da Covid e também na ciência:


- Ciência não tem lado. Ciência ou é bem feita ou é mal feita. Ciência bem feita é aquela que não busca o resultado que você quer, é aquela que faz a pergunta e espera para entender o que aconteceu. E, quando a gente coloca politização ou polarização no meio de um ato médico, a gente já está fazendo tudo errado, disse.


- A gente trabalha em ambientes tão duros, tão complexos, tão masculinos, na sua imensa parte? Eu olho aqui por exemplo, não estou vendo nenhuma senadora. Isso para mim é muito grave. Para mim, como mulher, é bastante grave, finalizou.


Em reportagem divulgada pela CNN Brasil, o veículo de comunicação cita que a médica Nise Yamaguchi, que começou a depor por volta das 10h10, havia sido interrompida ao menos 43 vezes até a primeira suspensão da sessão, às 11h34.


Outras situações embaraçosas e fatos desconcertantes ocorreram também com os médicos Nelson Teich, Luiz Henrique Mandetta, Marcelo Queiroga e Antonio Barra Torres.


O Cremesp deseja que a CPI siga o princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, respeitando-se o direito de todas as pessoas de serem tratadas e ouvidas com civilidade e respeito. As polarizações políticas só tendem a exacerbar conflitos. A grande prejudicada com esse tipo de conduta é a população.


Além disso, o Cremesp espera que não se confundam as esferas, em que as questões técnicas e éticas devem permanecer a cargo dos Conselhos de Medicina, que já apuram, conforme noticiado na mídia, mais de 25 sindicâncias envolvendo o tema.


O Conselho exige que as responsabilidades administrativas e políticas não sejam transferidas individualmente aos médicos, quando há políticos e gestores envolvidos nessas decisões.


Não podemos transformar esses profissionais da saúde em bode expiatório, tornando-os culpados por todos os malfeitos de situações que, definitivamente, não foram criados por eles.


Por fim, causa estranheza ao Cremesp o fato de que os mesmos personagens que promovem este verdadeiro tribunal de inquisição, em épocas anteriores, quando ocupavam cargos em governos, jamais se manifestaram sobre a deterioração da saúde pública e a falta de investimentos no SUS. Esses problemas refletem a corrupção existente no país, prática pela qual alguns dos membros que destrataram os médicos ouvidos, estão sendo investigados. Esses sim, e não os médicos, são responsáveis por inúmeras mortes de brasileiros. Todos os dias.


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