Exame de Proficiência para Médicos: Por que o Brasil precisa garantir qualidade na formação em Medicina
- Giselle
- 12 de jun.
- 3 min de leitura

Nas últimas décadas, o Brasil viveu uma expansão acelerada no número de cursos de Medicina. Hoje, o país soma mais de 350 escolas médicas – o maior número do mundo – superando inclusive países populosos como China e Estados Unidos. No entanto, esse crescimento em quantidade não veio acompanhado de um aumento proporcional na qualidade do ensino médico, gerando uma preocupação legítima sobre a formação dos novos profissionais de saúde.
Esse cenário reflete diretamente na assistência à saúde da população. A deficiência na formação teórica e, sobretudo, na prática clínica, compromete a capacidade dos recém-formados em lidar com situações reais, diagnósticos complexos, tomada de decisões seguras e intervenções de urgência. Diversas faculdades surgiram sem hospitais-escola próprios ou convênios suficientes com redes públicas de saúde, o que impede o adequado treinamento dos alunos. Some-se a isso a carência de professores qualificados e infraestrutura laboratorial e hospitalar deficiente em muitas dessas instituições.
Por isso, ganhou força a proposta da criação de um exame de proficiência nacional, como requisito obrigatório para o registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina (CRM). A ideia não é nova: países como Estados Unidos, Canadá e Portugal já aplicam avaliações semelhantes há décadas, assegurando que apenas profissionais aptos tenham direito a exercer a medicina.
Por que o exame de proficiência é fundamental?
Garantia de qualidade e segurança para o paciente:
O exame funcionaria como uma barreira ética e técnica, impedindo que profissionais despreparados coloquem vidas em risco.
Valorização da boa formação médica:
Faculdades com ensino sólido e estruturado serão reconhecidas, enquanto instituições sem condições mínimas de ensino tendem a perder relevância e procura.
Redução de erros médicos e judicialização:
A má formação é uma das causas de falhas no atendimento médico, gerando processos judiciais e desconfiança da população. Um exame rigoroso pode minimizar esses problemas.
Padronização do conhecimento:
O exame ajuda a estabelecer um nível mínimo de competência exigido de todos os médicos, independentemente da região ou da instituição de ensino.
Estímulo à melhoria das escolas médicas:
A exigência de proficiência forçará as faculdades a aprimorar corpo docente, carga horária prática, estrutura física e parcerias com serviços de saúde.
O impacto para os estudantes
A implementação do exame de proficiência exigirá mudança de postura dos estudantes e instituições. O simples cumprimento da carga horária curricular não será suficiente; será necessário o domínio real de competências clínicas, éticas e científicas essenciais ao exercício médico. Cursos de Medicina sem laboratórios adequados, hospitais-escola ou boa supervisão terão dificuldade para garantir que seus alunos sejam aprovados.
Essa medida, longe de ser uma punição, visa proteger a sociedade e os próprios profissionais, evitando que médicos recém-formados enfrentem situações de risco para as quais não foram devidamente preparados. A consequência esperada é a elevação do padrão da medicina no país e o resgate da confiança da população no sistema de saúde.
Uma questão de saúde pública
A fragilidade de parte do ensino médico no Brasil não é um problema isolado: trata-se de uma questão de saúde pública. Médicos mal formados não apenas colocam pacientes em risco individualmente, mas também podem comprometer programas coletivos de saúde, como vacinação, controle de epidemias e acompanhamento de doenças crônicas. A saúde da população começa na formação sólida e ética dos seus profissionais.
Conclusão
A proposta do exame de proficiência nacional para médicos recém-formados não é uma barreira à entrada na profissão, mas sim uma garantia de qualidade para o exercício médico responsável e seguro. É uma medida necessária para proteger a sociedade, valorizar o bom ensino, promover justiça com os profissionais bem formados e resgatar a confiança da população no sistema de saúde brasileiro.
A medicina exige preparo, ética e responsabilidade. O futuro da saúde no Brasil depende da seriedade com que tratamos a formação dos nossos médicos.




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