A criança difícil e os transtornos de comportamento disruptivo: como reconhecer e agir
- Giselle
- há 15 minutos
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O termo “criança difícil” ainda é usado por famílias, escolas e até por alguns profissionais diante de comportamentos como agressividade, explosões de raiva, muita oposição ou quebra de regras. No entanto, é essencial compreender que, em muitos casos, estamos diante de transtornos de comportamento disruptivo, condições que exigem avaliação clínica adequada e intervenções baseadas em evidências.
Esses transtornos englobam, principalmente, o Transtorno Desafiador Opositivo (TDO) e o Transtorno de Conduta (TC). Ambos podem afetar crianças e adolescentes e são caracterizados por padrões persistentes de comportamento inadequado, gerando prejuízos importantes em casa, na escola e no convívio social.
“Transtornos disruptivos não são birra — são sinais que pedem cuidado e intervenção.”
Prevalência no Brasil
Pesquisas brasileiras estimam que 3% a 5% das crianças apresentem características compatíveis com TDO, enquanto o TC ocorre em 1% a 4% da população infantojuvenil. Fatores como histórico de violência, ambiente familiar desorganizado, dificuldades escolares, vulnerabilidade social e transtornos emocionais associados aumentam o risco de desenvolvimento dessas condições.
Sinais de alerta que não devem ser ignorados
Hostilidade e provocação frequentes;
Crises de raiva intensas e repetidas;
Discussões persistentes com adultos;
Agressões a colegas, animais ou familiares;
Mentiras recorrentes ou violação de regras importantes;
Intolerância à frustração e impulsividade.
“Quanto mais cedo o diagnóstico, melhores as chances de desenvolvimento saudável.”
É comum que esses comportamentos sejam confundidos com “má educação” ou “falta de limites”, atrasando a busca por atendimento profissional. Entretanto, o diagnóstico precoce dos transtornos de comportamento disruptivo melhora significativamente o prognóstico, reduz riscos e favorece intervenções preventivas.
Causas e fatores associados
A origem é multifatorial e envolve componentes neurobiológicos, genéticos, ambientais e emocionais. Crianças expostas a adversidades, traumas, transtornos de aprendizagem ou dificuldades na regulação emocional têm maior probabilidade de desenvolver padrões disruptivos.
O que fazer diante de uma suspeita
Encaminhar para avaliação com pediatra, psiquiatra infantil ou psicólogo especializado;
Identificar comorbidades (como TDAH, ansiedade e depressão);
Implementar intervenções psicossociais e apoio familiar;
Trabalhar com a escola para alinhar estratégias e manejos;
Oferecer suporte parental, ensinando técnicas de comunicação, limites positivos e regulação emocional.
“Nenhuma criança é ‘difícil’ por escolha. Compreender o comportamento é o primeiro passo para ajudar.”
Impacto do diagnóstico e do tratamento
Quando não identificados, os transtornos de comportamento disruptivo podem evoluir para dificuldades acadêmicas, relacionamento social prejudicado, maior risco de violência e vulnerabilidade emocional. Entretanto, intervenções precoces melhoram o comportamento, fortalecem vínculos familiares e reduzem prejuízos a longo prazo.
Promover diagnóstico, acolhimento e tratamento adequado é fundamental para que a criança possa se desenvolver com segurança, autonomia e bem-estar.
Fontes: Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Ministério da Saúde — Saúde Mental; Organização Mundial da Saúde (OMS); Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP); Pesquisas brasileiras sobre transtornos disruptivos e prevalência infantojuvenil




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