24 de set de 2019

Uso de tecnologia como apoio à Saúde é discutido em Congresso sobre qualidade nos serviços

O uso de tecnologia como apoio à saúde é um caminho sem volta, e pode servir como instrumento de humanização e melhoria ao atendimento: se adotados protocolos corretos, no futuro pode ajudar na logística de acesso e, como consequência, diminuir filas nos prontos-socorros e ambulatórios.  Além disso, entusiastas creem em benefícios na assistência em si, por meio de softwares e plataformas capazes de auxiliar nas interpretações de sintomas e demais dados de anamnese.
 

Essas foram algumas das hipóteses levantadas pelos convidados do talk show: Tecnologia de Apoio à gestão da Saúde sob a visão das Instituições formadoras e dos Conselhos Regionais de Medicina e Enfermagem, em 27 de setembro, parte do XX Congresso Brasileiro de Qualidade em Serviços de Saúde – CQH 2019, realizado no auditório da Associação Paulista de Medicina (APM).
 

Representou o Cremesp nessa discussão Daniel Kishi, coordenador das Delegacias do Interior da Casa que, em várias intervenções, ponderou que, a tecnologia é só uma ferramenta e, como qualquer outra, pode ser usada de forma adequada ou inadequada. Contudo, “a possibilidade de agregar valor ao atendimento do paciente é muito grande”.
 

Ao seu lado, no talk show,  estiveram Chao Lung Wen, professor associado da disciplina de Telemedicina da USP; Marisa Madi, médica e diretora do Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde PROAHSA, do HC; e Beatriz Murata Murakami, colaboradora da Comissão de Instrução do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), com mediação de Antônio Carlos Endrigo, diretor de Tecnologia da Informação da APM.
 

Especificidades
 
Wen contestou que a única forma de consulta médica seja a presencial. “Depende. A maioria das especialidades clínicas demanda toque e palpação, porém essas condutas são inadequadas em Psiquiatria”, apontou. Na visão dele, o famoso “olho no olho” nem sempre ocorre em consultas tradicionais, em que o médico passa boa parte do tempo questionando sobre queixas e digitando no computador.

Além do tema telemedicina, também foram abordadas na ocasião a importância do prontuário eletrônico e de se estudarem formas de controlar vazamentos de informações confidenciais (tanto de médicos como de pacientes) via celular e redes sociais, que correspondem a 40% de invasão de privacidade no contexto do atendimento.  

Em relação a isso, sugeriu-se a criação de Comissões de Gestão de Dados Digitais e Prevenção de Vazamentos, nos modelos do que já existe, por exemplo, em Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
 

Entre as ideias preliminares abordadas no encontro estiveram ainda a criação de glossário com a definição dos termos usados em tecnologia aplicada à saúde; além de um treinamento em ética na saúde em área digital, destinados a médicos e demais membros das equipes multiprofissionais.   
 

Algumas ideias apresentadas no Talk Show

“Humanização não é distância física, é a atenção prestada ao paciente. Se for alcançado o objetivo de obter o bem-estar do paciente, qualquer tecnologia mista vai ser humanização.” 

Chao Lung Wen
 

“As novas tecnologias facilitarão o acesso e a acessibilidade para os pacientes e, como consequência, permitirão um melhor acolhimento.”
 
Marisa Madi
 

“O preenchimento dos registros médicos eletrônicos consome um tempo grande do médico, o que atrapalha, por exemplo, em plantões de UTI. A tecnologia vai se transformar em humanização nessa área no dia em que conseguirmos inserir dados e o computador interpretá-los.”

Daniel Kishi
 

“A triagem por enfermeiras nos prontos-socorros é suficiente a 90% dos pacientes que procuram esses serviços, que apelam ao PS por não conseguirem consultas. Ao restante, os casos graves, a triagem médica é insubstituível.”
 
Beatriz Murata

Foto: Osmar Bustos

#Tecnologia #Saúde