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Março Lilás – prematuridade e aleitamento materno


O leite materno sabidamente é o alimento mais completo para o bebê até o sexto mês de vida (em idade corrigida para 40 semanas), pois além de alimentá-lo e protegê-lo contra infecções, melhora o desenvolvimento psicomotor, emocional e favorece o vínculo mãe-filho. O leite materno e o aleitamento são especialmente importantes quando se trata de recém-nascidos prematuros, com introdução alimentar após o sexto mês de idade corrigida, mantidos até dois anos ou mais, com desmame natural.


Prematuros apresentam maior risco para desenvolver infecções graves como a enterocolite necrosante (lesão na superfície interna do intestino), sepse e meningite. O leite materno possui fatores de crescimento que amadurecem o trato gastrointestinal e favorecem o processo de digestão e absorção de nutrientes, além de propriedades anti-infecciosas que diminuem a ocorrência dessas doenças.


Outro aspecto interessante é que bebês amamentados apresentam melhor desempenho motor, cognitivo e comportamental, não só nos primeiros 2 anos de vida, como observado em avaliações de desenvolvimento, mas também em idades futuras. O contato mãe-filho também libera o hormônio ocitocina, chamado de hormônio da felicidade e do bem-estar. Com isso a relação torna-se mais afetuosa e carinhosa, com consequente impacto na qualidade de vida da criança.


Quando um bebê prematuro pode ser colocado ao seio materno?

Para colocar o bebê prematuro ao seio materno é importante que ele tenha estabilidade dos sinais fisiológicos, que tenha sucção e mantenha o estado de alerta. A avaliação individualizada permite que bebês com idade gestacional de 32-33 semanas, com boa coordenação da sucção e deglutição, possam ser colocados em contato pele-a-pele (método Canguru) e ao seio materno, inicialmente com o peito vazio, ou seja, após a mãe ter feito a ordenha do leite.


A coordenação da sucção-deglutição-respiração é complexa para prematuros e o aleitamento pode ajudar nesse processo, com apoio de fonoaudióloga. No ato da sucção, o movimento da língua desencadeia também o movimento de peristalse do intestino, favorecendo a deglutição. Além disso, o fato de ele alternar sucções fortes com momentos de pausa e descanso faz com que o volume de leite a ser engolido seja controlado, evitando o maior gasto de energia. Estudos também mostram que bebês prematuros alimentados ao seio materno, quando comparados com outros que recebem mamadeira, controlam melhor a temperatura corporal, estabilizam frequência cardíaca e respiratória e mantêm melhor padrão de saturação de oxigênio. Se ficam mais estáveis e protegidos de infecção, podem ficar menos tempo internados.


Nesse sentido, o contato pele a pele, precocemente, já na UTI Neonatal, e o método Canguru favorecem todo esse preparo, contribuem para a estabilização dos sinais fisiológicos do bebê e deixam a mãe muito mais segura e preparada para a amamentação e para o cuidado do prematuro.


O aleitamento materno no prematuro não é tarefa fácil, mas deve ser encarado como prioridade por todos. Depende da motivação da mãe, do apoio dos seus familiares e, também, da motivação de toda equipe de profissionais de saúde envolvidos no cuidado. O olhar atento e individualizado ao bebê prematuro pode fazer toda a diferença no sucesso da amamentação.


Relatora:

Dra. Maria Regina Bentlin

Departamento Científico de Neonatologia da SPSP.


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